A comunidade de RH tem discutido sobre a Geração Z e as dificuldades que as empresas enfrentam ao tentar integrá-los ao mercado de trabalho. As questões vão desde o processo seletivo até o dia a dia na execução das tarefas, levantando um questionamento crucial: a responsabilidade é exclusivamente dos jovens? É fundamental analisar essa situação sob diferentes perspectivas para superar o desafio de atrair e reter novos talentos nas organizações.
Estamos vivendo um momento de convivência com diferentes gerações no ambiente corporativo. A comunicação inclusiva e a habilidade de encontrar o motivador de cada geração auxiliam nesse contexto.
É preciso reconhecer que a maior parte da força de trabalho nos próximos anos será composta pela Geração Z (nascidos entre 1995 e 2010). Ignorar essa realidade não é uma estratégia sustentável para as organizações. A base de competências dos jovens é distinta das gerações anteriores, e julgamentos não contribuem para uma mudança positiva. Por isso, é importante adaptar-se a essa nova realidade.
Pequenas mudanças na estratégia podem gerar impacto positivo. Um dos passos é criar um planejamento eficaz de atração para esses jovens talentos. Independentemente do tamanho da organização, uma comunicação clara sobre as expectativas da oportunidade, alinhamento durante o processo de entrevista e escuta ativa dos valores e propósitos de ambos os lados são cruciais nessa etapa. O primeiro dia de trabalho também é um momento-chave. Investir tempo em um onboarding bem estruturado pode ser um diferencial significativo.
De acordo com o IBGE, em 2023 havia no Brasil 48,5 milhões de pessoas de 15 a 29 anos, e 25,5% delas não estavam ocupadas, mas dedicavam-se aos estudos. Parte da Geração Z está no ensino médio, técnico e/ou superior e atuar com esse universo pode ser uma alternativa eficaz por meio de programas de aprendizagem e/ou estágio. Essas iniciativas permitem que as empresas desenvolvam projetos de carreira e insiram os jovens no mundo do trabalho de forma gradual e estruturada.
Uma pesquisa realizada pelo CIEE em 2024, em parceria com o IPEC com quase 12 mil estagiários, sendo 82% deles pertencentes à Geração Z, revelou que 54% buscam experiência profissional, seguida por 20% que desejam oportunidades de aprendizado. Os fatores mais valorizados pelos estagiários são:
● Orientações e feedbacks
● Perspectivas profissionais
● Aprendizado e desenvolvimento
● Recursos oferecidos
● Investimento em carreira
Diante desse cenário, a criação de ações de mentoria e o investimento na aprendizagem/formação da Geração Z se apresentam como algumas das soluções. Essas iniciativas demonstram o compromisso da empresa com o desenvolvimento dos jovens, além de proporcionar um ambiente de aprendizado e crescimento. A mentoria, em particular, oferece um espaço seguro para que os estagiários tirem dúvidas, recebam orientação e construam relacionamentos com profissionais mais experientes.
Atrair e reter talentos da Geração Z exige uma mudança de perspectiva e a implementação de estratégias inovadoras. As empresas que se adaptarem a essa nova realidade, estarão melhor posicionadas para construir um futuro de sucesso. Mônica Vargas é superintendente nacional de Operações e Atendimento do CIEE (Centro de Integração Empresa-Escola.